quinta-feira, 21 de julho de 2011

Guerra-Fria: uma continuidade da II Guerra Mundial

O fim da Guerra Fria, com o Tratado de Paris de 1990, a plena recuperação da soberania nacional alemã, encerrando de afiance a II Guerra Mundial – e o fim da URSS, em 1991, no mesmo ano da Primeira Guerra do Iraque, afastaram o risco imediato da aniquilação nuclear. Terminou, assim, a Longa Guerra do Estado-Nação no século XX, o mais longo conflito da história. Terminou a longa guerra entre o poder naval e o poder continental, entre as potências das fímbrias da terra e as potências do coração do mundo, com a retirada dos russos para o interior da Ásia e a vitória dos anglo-americanos que avançam pela Ásia Central, ocupando territórios e dominando nações que nem mesmo o poderoso imperialismo britânico, no século XIX, sonhou conquistar.

Assim, por um lapso de tempo, entre 1991 e 2001, os ponteiros do relógio do fim dos tempos afastaram-se da Meia-Noite atómica, deixando vislumbrar um mundo novo, uma nova ordem mundial, baseada na supremacia branca, anglo-saxã e capitalista expressa no unilateralismo de Bush e dos chamados neoconservadores. De qualquer forma, com o fim da Guerra-Fria terminava também o século XX, que fora breve e violento. O retorno da guerra: algo de errado na nova ordem mundial. Antes mesmo de raiar o novo século e o novo milénio, um novo conflito de proporções mundiais fez a sua aparição em cena. Já em 1993, no estrondo da primeira bomba contra o Word Trade Center, em Nova York, surgiu a face do novo conflito, assimétrico, entre o poder ocidental – conquistador, modernizador e homogenizador – e elites militantes de sociedades tradicionais, profundamente tocadas pelo novo imperialismo (ou poder imperial) dos Estados Unidos. Para muitos, estavam dadas as condições de uma nova guerra mundial, a Guerra Internacional contra o Terrorismo, largamente ancorada num esquema explicativo culturalista, muitas vezes beirando o racismo cultural, opondo agora civilizações rivais. Para muitos o conflito que aí se iniciou foi de um tipo novo, opondo culturas e civilizações mundiais, criando uma das mais profundas divisões que o mundo poderia conhecer: o choque de civilizações!

A permanência essencial dos termos do mesmo conflito que atormentara o século XX: no alvorecer do século XXI, quando a principal potência naval, os Estados Unidos, avança sobre os espaços vazios da Europa Oriental e da Ásia Central, ocupando os espaços deixados vazios pelo recuo do Império Soviético, criavam-se as condições para um novo ciclo de enfrentando entre as potências que dominam as fímbrias – agora organizadas. Os novos poderes que. De qualquer forma, a esperança de que a nova ordem mundial oriunda do fim da Guerra Fria em 1991 poderia trazer uma gestão multilateral do mundo, com a pacificação dos conflitos e a gestão organizada dos grandes fluxos comerciais e financeiros, deixou de ser uma expectativa realista a partir, de um lado, da vitória dos neoconservadores de George Bush, e a assunção, por parte dos Estados Unidos, em 2001, do unilateralismo, como uma política de poder e, por outro lado, com os terríveis atentados de 11 de Setembro de 2001.

Sem comentários:

Enviar um comentário