quarta-feira, 29 de junho de 2011

TERRORISMO IV

Nos últimos anos, o mundo tornou-se mais seguro, mais pacífico, mais equilibrado, mais justo e democrático? Pelo contrário, maior insegurança, disseminação de conflitos, acentuação de desigualdades, delapidação A “guerra ao terrorismo” acarretou mais prejuízos ou benefícios? de recursos naturais, instabilidade económica, ataques a direitos, liberdades e garantias conquistados ao longo de décadas de lutas, degradação das condições de vida e de trabalho, tudo isto são traços de um retrato sucinto, em que se transformou a situação contemporânea.

Uma conclusão parece legitima, os pressupostos da designada “guerra ao terrorismo” são, mais do que concretizados de forma incompetente, falsos pois tem, objectivamente, constituído a melhor cobertura legitimadora para a acentuação da supremacia imperialista Norte-Americana.

Como imediata reacção aos atentados nos Estados Unidos, todos os Europeus se sentiam americanos, unidos como parentes. O Velho Continente, com silêncio consensual, apoiou cegamente os Estados Unidos no ataque ao Afeganistão, onde se supõe que ainda esteja Bin Laden.

Passada a ressaca do sangue derramado, despertam as diferenças que não são só actuais e sim derivadas de uma longa historia. Os Europeus tentam entender as causas do terrorismo, fazendo uma análise profunda, analisando as causas do terror que nascem das condições económicas e da miséria. Já os Americanos querem destruir os efeitos do terrorismo (mas para isso têm de destruir-se a si próprios), identificando um inimigo externo para poder elimina-lo. É evidente a distinção entre o combater a causa e a consequência. Os Estados Unidos aplicam a politica pragmática do branco e preto, do sim e do não. A tradição Europeia é pela mediação.

A Europa é multilateral e os Estados Unidos unilateral.

A diferença de pensamento entre as margens do Atlântico é clara. Ao longo da história, a Europa sofreu varias ocupações, por diversas raças, culturas e religiões.

Os Europeus tiveram que conviver com os ocupantes e aprender a mediar. Já os Estados Unidos são um só país.

Apesar de ser formado por milhões de emigrantes, os Norte-Americanos têm uma única identidade patriótica.

Em compensação, as diversas línguas Europeias acabam por dificultar que a Europa se pronuncie politicamente com uma única voz e continue dividida nas grades decisões, enquanto os Estados Unidos falam uma só língua com tom vocal determinante e dominante (por vezes até aberrante).

O método básico do terrorismo é a destruição da vida humana, em nome de certos princípios ideológicos, políticos e religiosos.

Nos dias presentes não será difícil reconhecer que o terrorismo representa uma ameaça extremamente séria à dignidade da vida humana, à convivência entre sociedades, religiões e civilizações, aos mais elementares direitos e liberdades dos seres humanos.

Dos quatro cantos do mundo e com as origens mais diversas verificamos o despoletar de acções terroristas produzindo as mesmas consequências: mais sangue, mais mortes, ressentimento, destruição e raiva, numa espiral de violência que parece não ter fim.

Como fenómeno complexo que é, quer nas suas causas, quer nos seus modos de expressão, seria mais correcto usarmos o termo no plural, pois de facto haverá diferenças assinaláveis entre um acto terrorista desencadeado por um grupo “mais ou menos” desconhecido e clandestino e um outro da responsabilidade de um estado soberano. Embora não tenha sido no nosso século que tenha surgido, mas o seu auge aconteceu durante os anos da Guerra-fria, depois da Segunda Guerra Mundial.
Não foi por acaso.

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